Você já sentiu necessidade de checar, nas redes sociais, o que as pessoas estão fazendo só para comparar se o que você está vivendo é tão bacana quanto? Já teve a sensação de que todo mundo está vivendo mais do que você, aproveitando mais, conquistando mais coisas e se divertindo mais, enquanto você fica só assistindo de fora? Já quis não se comprometer com uma agenda, num futuro próximo, pelo receio de surgir algo mais interessante?
Essa sensação muitas vezes está associada ao FOMO, ou “Fear of Missing Out“, que em uma tradução livre para o português, medo de estar perdendo algo ou medo de ficar de fora.
Mais que uma sensação passageira, o FOMO pode afetar seu bem-estar emocional e psicológico de forma profunda sendo gatilho para ansiedade, depressão e outros transtornos. A boa notícia é que esse medo tem tratamento e pode ajudar você a resgatar sua autonomia emocional e viver de forma mais presente, sem se deixar levar por comparações constantes.
O que é FOMO
FOMO é a sigla para “Fear of Missing Out“, e descreve aquela sensação incômoda de que você está perdendo algo importante que os outros estão vivendo. Isso pode aparecer como ansiedade ao ver fotos de viagens em redes sociais, frustração por não ter ido a um evento, ou a impressão de que todos estão seguindo em frente, menos você.
Nas redes sociais, onde tudo parece perfeito e todo mundo compartilha apenas os melhores momentos, o FOMO encontra o cenário perfeito para se fortalecer. Ou, na sua rede, as pessoas costumam postar sobre preocupações com seus boletos vencidos, dúvidas e crises existenciais, impasses na vida, conflitos com pessoas importantes ou até mesmo, momentos de tédio? Provavelmente, poucas pessoas.
Como o FOMO pode afetar sua vida
Sentir FOMO de vez em quando é natural. Ver que alguém viajou para um lugar interessante, por exemplo, pode despertar a sua curiosidade para ir também e isso ser inspirador. Pode ajudar você a definir uma meta pessoal e organizar-se para realizá-la. Mas quando essa sensação torna-se frequente, movida pela comparação, ela começa a afetar a sua saúde mental e sua qualidade de vida.
Algumas consequências comuns do FOMO:
- ansiedade constante, combinada com a sensação de que precisa estar por dentro de tudo, o tempo todo.
- comparação excessiva com a vida dos outros, como se ela fosse o parâmetro do que você deveria estar fazendo.
- a sensação de estar sempre atrás ou de não ser suficiente.
- medo de fazer uma escolha e se arrepender depois porque a outra opção teria sido melhor.
- agir para agradar os outros ou se sentir incluído, mesmo sem vontade real.
Uma forma de compreender o FOMO é reconhecendo o padrão de pensamentos automáticos negativos, como: “todo mundo se diverte mais que eu”, “se não me convidaram é porque não sou importante”, “minha vida é sem graça perto da dos outros”.
Esses pensamentos são tão rápidos e automáticos que muitas vezes nem percebemos, mas eles alimentam sentimentos de angústia, frustração e insegurança. A constante checagem e comparação só reforçam esse ciclo de achar a própria vida menos significativa, o que aumenta ainda mais o mal-estar.
Crenças por trás do FOMO
Além dos pensamentos automáticos, quem sofre com FOMO costuma carregar crenças, como: Eu só tenho valor se for notado (a), ficar de fora é sinal de fracasso, se eu não estiver presente, perco relevância.
Essas crenças normalmente vêm de experiências anteriores, lá na infância ou adolescência, marcadas por rejeição ou exclusão. E acabam sendo reforçadas quando se recebe validação só ao realizar algo importante ou digno de ser mostrado.
Com as redes sociais, isso ficou ainda mais evidente. Se por um lado aproximarem pessoas queridas, por outro pode ser um ambiente perfeito pra alimentar essas crenças — afinal, os likes são contados um a um. E agora, ao invés de nos compararmos com o vizinho ou colega da escola, a comparação é com o mundo inteiro.
Como o FOMO acontece
Aquilo que você pensa sobre uma situação interfere em como você se sente e em como reage.
Veja o exemplo da Maria (nome fictício) pra entender como esse ciclo funciona entre pensamento, emoção e comportamento:
Num sábado qualquer, viu que um grupo de amigos se encontrou pra uma noite de jogos de tabuleiro. O pensamento automático veio: eles estão se divertindo sem mim e eu tô aqui sozinha em casa. Com isso, vieram emoções como tristeza, ansiedade, frustração e até raiva por se sentir excluída. Ela ficou remoendo isso, tentando entender por que não foi chamada. Lembrou de ter sentido o mesmo incômodo aos 5 anos, quando não foi convidada pro aniversário de uma coleguinha.
Pra ela, quem não é visto, não é lembrado. Então decidiu aceitar todos os convites, mesmo os que não tem vontade real de ir. Passou a usar as redes compulsivamente, tanto pra buscar oportunidades quanto pra “vigiar” a vida alheia. Com o tempo, veio o vazio, mais comparações e a insegurança só aumentou.
Esse ciclo tende a se repetir e se retroalimentar, a menos que você tome consciência dele e aprenda a interrompê-lo.
Como a psicoterapia pode ajudar a quebrar esse ciclo
A psicoterapia é um espaço seguro onde você pode dar voz aos seus pensamentos, emoções e comportamentos — sem julgamentos. Aos poucos, você passa a entender melhor seus padrões e a construir uma relação mais leve consigo mesmo e com o mundo ao redor.
A terapia não apaga o FOMO da sua vida, mas te ensina a não ser refém dele. E isso, por si só, já traz mais bem-estar e liberdade emocional.
Você aprende a fazer escolhas mais conscientes, a respeitar seus limites e a buscar satisfação real — não aquela baseada em curtidas ou validações momentâneas.
Se você vive se comparando, se cobrando ou se sentindo insuficiente por causa do que vê nas redes, entenda: isso é um sinal de que algo dentro de você precisa de atenção e cuidado.
Se você se identificou com esse conteúdo e sente que precisa de ajuda para lidar com o FOMO, considere iniciar um processo de psicoterapia. É um passo importante para recuperar sua autonomia emocional e viver de forma mais leve e consciente.
Entre em contato e saiba como posso te ajudar.